Ana Paula cita medalha olímpica do vôlei para criticar posturas de Neymar e da Seleção

  • Por Jovem Pan
  • 18/07/2018 14h19
Jovem Pan Ex-jogadora de vôlei brasileira dividiu a bancada com empresário chinês

O caminho da seleção brasileira feminina de vôlei até a conquista da inédita medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Atlanta em 1996 (com uma campanha considerada ainda hoje brilhante) foi repleto de privações. Comandadas pelo técnico Bernardinho, as atletas não tinham a permissão de conviver com familiares, não passeavam pela cidade e não usavam nenhum meio para se comunicar com o mundo externo à concentração. Para Ana Paula Henkel, essa foi uma das posturas que as levaram à vitória – e uma das que faltou na equipe de futebol de Tite na Copa do Mundo.

“As redes sociais influenciam. Em todos os títulos importantes da minha carreira, se você voltar a fita e colocar os pontos em comum entre eles, uma das coisas que vai notar é que ninguém via a gente. A gente sumia! Quando ganhamos em 96, ninguém nos encontrava. Nos viam no almoço e perguntavam: onde vocês estavam? Era prédio, treino e jogo. Avisávamos os familiares que íamos sumir. Era um retiro mesmo. Não tinha Instagram, mas tinha família, imprensa, Vila Olímpica… A gente não podia se distrair”, contou em entrevista ao Pânico nesta quarta-feira (18).

Além disso, ela acredita que as atitudes de alguns jogadores, mais especificamente do atacante Neymar, precisavam ser repreendidas. São incluídas aqui desde suas reações “exageradas” ao levar faltas até as provocações feitas aos adversários.

“Confesso que fiquei triste com essa repercussão. Nos Estados Unidos, onde moro atualmente, viramos motivo de chacota. Tenho amigos norte-americanos e australianos que toda hora falam ‘olha aqui esse meme’. E eu ‘tá bom, já recebi’ (risos). Acho que houve muita proteção em relação ao Neymar. Ele tem 26 anos, um atleta com 26 anos não é considerado menino. Com 30 já está na reta de se aposentar! Achei inadequada a superproteção. Critiquei inclusive não só ele, mas as pessoas que o cercam. Fizeram com que ele não amadurecesse. Acho ele imaturo. Ele foi caçado como foi o Cristiano Ronaldo, o Messi, o Cavani, o Kane. Todos estão ali com um alvo nas costas, mas olha a diferença”, criticou.

“O que também não gosto nem nele nem em qualquer outro é quando faz um gol ou ganha um título e faz sinal para o outro calar a boca. Não gosto. Meu pai sempre disse ‘olha, rainha que reina com coroa o tempo todo tem reinado curto’. Então bota a coroa na gaveta e vai ralar! Esse é um telhado de vidro perigoso no esporte. Tudo gira muito rápido. Precisa de ‘sandálias da humildade’. O esporte ainda é o principal veículo de admiração de jovens e crianças então discordo demais dessas atitudes. Muita criança assiste a gente, temos que ser um veículo de informação e condução para a formação de caráter”, completou.

E é claro que a política não poderia ficar de fora. Após se aposentar das quadras, Ana Paula passou a se manifestar mais abertamente sobre suas posições ideológicas e, ao se formar em Arquitetura e entrar para o curso de Ciência Política na UCLA (a Universidade da Califórnia em Los Angeles), tornou-se colunista do Estado de S. Paulo. Essa sua transição de carreira, o processo eleitoral brasileiro, o governo de Donald Trump nos EUA e sua relação conflituosa com o movimento feminista foram alguns dos temas debatidos na entrevista. Todos os vídeos podem ser assistidos na íntegra no canal do Pânico no YouTube.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.